sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

SLAUGHTERHOUSE

Um dia. Falta um dia. Demorei dois anos e três meses para voltar. Dois anos e três meses. Me tornei um outro alguém nesses dois anos, ainda que não tenha  a certeza de que esse novo alguém seja realmente eu, eu sei que não sou a mesma.

Mudança me assusta, ao mesmo tempo é a única constante na minha vida desde criança, ainda assim eu detesto. Gostaria de ter uma vida previsível, pacata. Gostaria de criar raízes em algum lugar e não ser que nem meus pais que passaram a vida fugindo de seus demônios.


Ontem falei brevemente com minha mãe sobre tudo que tem dado errado recentemente e ela me mandou alguns versículos da bíblia para que eu pudesse orar a Deus para que esta batalha espiritual chegue ao fim. Tive um mix de sentimentos, por um lado é uma oportunidade perfeita para me aprofundar na minha espiritualidade e continuar buscando a Deus, por outro lado, eu gostaria que minha mãe tivesse conselhos práticos para me dar, gostaria que ela fosse alguém que vivesse neste mundo, soubesse me aconselhar e não fosse tão perdidamente esperançosa. Não que eu não acredite em Deus, eu acredito. Se é por mérito meu ou indoutrinação, já é outra conversa, mas eu não acredito que a solução para todos os meus problemas esteja na bíblia ou em qualquer outro livro sagrado. Me custa a entender esse conceito.

Mas não chegarei a nenhuma conclusão tão cedo assim, afinal de contas falta um dia. Amanhã eu vou acordar cedo, vou me arrumar e vou enfrentar o que eu demorei tantos anos a enfrentar, não sei se serei recomeço ou se serei o fim. Decidirei ao chegar lá.

Esta semana teve um gosto de inferno astral, neste fim de semana espero me livrar do sabor amargo que ficou. Espero me livrar do sentimento de animal indo ao abate. 

J.S

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